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Localizada no bairro da Boa Vista, no centro do Recife, a Rua da Matriz está interditada há seis meses. Foto: Mariana Fabrício/Esp.DP/D.A Press |
Quem entra a pé pela Rua da Matriz nem imagina que a poucos metros irá encontrar blocos de cimento interrompendo a passagem. Desde o dia 10 de janeiro, a Prefeitura do Recife solicitou a desapropriação do imóvel 124, atingido por um incêndio, e interditou a área. No entanto, mesmo com o risco iminente de desabamento, motoristas aproveitam falta de fiscalização para entrar de ré na via interditada deixando as vagas de Zona Azul cheias em quase todos os horários do dia.
Júlia Olímpio, 65 anos, tem um estabelecimento na área e conta que os veículos não encontram barreiras para entrar. "Moradores e às vezes clientes se arriscam entrando pelo começo da rua, já outros têm medo de multa. Mas a CTTU já esteve algumas vezes na rua e a única coisa que fizeram foi ver se eles estavam com Zona Azul. Não houve multa nenhuma", diz.
Na via existem três prédios residenciais, todos os outros são ocupados por comércio. Os donos dos estabelecimentos contam que a maior parte das pessoas que circulavam eram consumidores. O comerciante Marcos Pimentel, 58 anos, afirma que o movimento de clientes diminuiu cerca de 50%. "Estou fazendo entrega na Praça Manoel Borba porque o pessoal não pode entrar até aqui. Todos estão sendo prejudicados", afirma.
Isaías Ferreira, de 63 anos, tem um depósito de bebidas e afirma que há meses só vende seus produtos para clientes antigos. "O cliente eventual, aquele que passa pela rua, olha e decide comprar, não existe mais. Só tenho vendido a quem já nos conhece. O prejuízo está sendo grande".
O sapateiro Rogério Pereira, 49 anos, conta que foi preciso demitir dois funcionários por dificuldades no orçamento. "A freguesia caiu e o orçamento também diminuiu muito então foi preciso fazer redução de funcionários. E, francamente, se esse prédio tivesse realmente para cair, já tinha caído depois dessas chuvas. Já é a segunda vez que interdita e não fazem nada", afirma.
Além do pouco movimento, outra reclamação é a iluminação precária e a falta de segurança. Segundo os moradores, o imóvel em risco está sendo utilizado para consumo de drogas e como abrigo para moradores de rua. Uma moradora que preferiu não se identificar conta que evita sair a noite por medo. "Esse prédio se transformou em uma cracolândia. A partir das 23h se vê de tudo. Gosto de ficar na calçada da minha casa de noite, de trazer meu filho para brincar, mas não posso por falta de segurança. Estamos abandonados aqui", diz.
A autônoma Lucimar da Conceição, 48 anos, cobra uma decisão da Prefeitura. "Esse silêncio, essa ausência da Prefeitura do Recife que é o problema. Se eles tomassem uma decisão, mas esse caso vai cair no esquecimento como tantos outros. A interdição dessa rua não prejudica somente nós, mas sobrecarrega o trânsito da Rua Velha. Esperamos uma posição deles, apenas isso".
Sobre a situação do prédio, a Empresa de Urbanização do Recife (URB), informou em nota que está realizando o levantamento da área para calcular o valor do imóvel e iniciar a desapropriação e que a restauração começará quando esse processo for concluído. Em relação ao estacionamento da rua, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) informou que não recomenda a prática e que os veículos estão passíveis de multa.
Fonte: Diario de Pernambuco
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